5 razões pelas quais o BIM ainda não aterrissou na indústria

O arquiteto Ignacio Rincon, alumni e embaixador da Zigurat e diretor da TID e BIM Leader no maior escritório de arquitetura do Panamá e um dos mais importantes da América Latina, Mallol Arquitectos, explica no artigo a seguir as principais razões pelas quais o BIM ainda não aterrissou na indústria. Na última década, a maioria dos países onde se começou a falar do BIM, foi devido aos estudos de Arquitetura e Engenharia; possivelmente, por causa do relacionamento que os projetistas tiveram com as ferramentas de desenho 3D, não necessariamente e nem diretamente BIM. Não foi até que vários desses projetos desenvolvidos por essas empresas atingiram estágios posteriores de projeto ou licitação, quando outros agentes, incluindo clientes, colocaram seu foco na metodologia e tentaram analisar os benefícios que poderiam gerar. É por isso que a maturidade do mercado com relação a essa nova tecnologia tem avançado lentamente, mas ainda não é forte o suficiente, exceto nos países nórdicos, na América do Norte ou na Austrália, onde aspectos culturais, sistemas construtivos pré-fabricados ou uma economia forte permitiram melhor assimilação.

Alguns anos atrás, em uma das centenas de eventos BIM ao redor do mundo, Alan Crane ressaltou que o conceito principal que a indústria deve assimilar é “ BIM não é uma questão de design, mas uma questão de Modelo de Negócio".

 

1.      Mudança que afeta a todos los ámbitos do negócio

É importante entender que não é uma questão de tecnologia ou softwares. Tem muito mais a ver com as Metodologias de trabalho LEAN ou IPD, colaboração e definição antecipada de projetos. É entendendo o BIM desde este ponto de vista que se conseguiram os maiores benefícios para a indústria. Se realmente fosse alcançado, que todos os envolvidos nos projetos, fizessem parte dos projetos desde as fases iniciais do mesmo, e especialmente se o Cliente (público ou privado), estiver ciente de que é o mais interessado e beneficiado com esta metodologia colaborativa, em que as ferramentas BIM (em sua essência colaborativa) permitem que todo o trabalho ocorra de forma centralizada e controlada, os resultados seriam outros. É importante estar ciente de que a mudança supõe uma mudança radical nos tempos dos projetos, uma mudança nos contratos multilaterais (eles já existem, não é algo novo), uma mudança no rigor da informação e uma mudança na unificação das normas e sistemas de classificação.   Portanto, até que todas as partes envolvidas, onde os Clientes (MPs) e Entidades Públicas tenham um papel fundamental, assimilem que o modelo de negócios está mudando e que é fundamental adotar essa mudança de negócios acompanhada de tecnologia e não o contrário, não será possível falar de uma maturidade suficiente do mercado para considerar uma adoção bem-sucedida.    

2.    Tempos de maturidade muito curtos

 

Se considerarmos que estamos na 4ª revolução industrial, e nos 3 anteriores prazos de assimilação foram períodos de mais de 50 anos, na Era Digital, a velocidade com que a tecnologia muda é tal, que é necessário entender o como e não o quê.

Atualmente, é difícil considerar uma implementação tecnológica concluída, porque quando se considera acabada, especialmente em grandes ambientes, já nasceu uma nova tecnologia que a melhora.   A questão é entender como o surgimento da tecnologia afeta os processos de construção, independentemente da tecnologia de que estamos falando. Temos que trabalhar duro com o aspecto humano das empresas, e transmitir a necessidade de mudar o chip, e entender que os prazos de maturidade são tão curtos, que é mais importante tentar lidar com a mudança através do entendimento, e não no domínio da tecnologia como tal.   As empresas devem entender que é essencial investir em formação e I + D + i, se não for assim, em pouco tempo, elas serão deslocadas do setor, e os profissionais com conhecimento que possuem em folha de pagamento, irão para as empresas em que se investem nesse aspecto.       

Portanto, é fundamental, e vamos ver com a aparição no mercado de trabalho das novas gerações, que o que está custando atualmente no nível tecnológico, não será o problema no futuro, se não, promover a aprendizagem apropriada desde a fase inicial do profissional, em temas como: "como o ser humano se encaixa nos processos semi-dominados pelas máquinas", focarmos nas metodologias e sistemas de processos de produção em todas as fases do ciclo de vida.

 

3.      Não queiramos fazer todo de uma vez

 

Fonte: Modelical.com

  Tanto quanto na teoria BIM, trata-se de falar sobre modelos que podem ser trabalhados ao longo do ciclo de vida dos projetos, sejamos realistas, é muito complicado que isso aconteça no futuro próximo. É importante aplicar muito senso comum na geração do BEP do projeto, e estar ciente de que é mais provável que os modelos de uma fase não sejam utilizáveis ​​em fases posteriores, uma vez que as necessidades e usos dos modelos em cada fase são diferentes. Mas não há problema nisso, o importante é dar uma boa explicação para os clientes do porquê, e definir um BEP para cada uma das fases, Projeto, Construção e FM.   É por isso que, no futuro, o hardware e o software serão tão poderosos e tão automatizados, que não será um problema, a modelagem em um nível milimetricamente detalhado, a tal nível que os modelos serão transferíveis entre fases sem a necessidade de esforço ou custo adicional. Até lá, é imprescindível usar a cabeça e aplicar o senso comum na definição de processos, padrões e protocolos. Quando isso finalmente acontecer, os problemas serão outros, e a tecnologia não será um problema, se não um aliado, e serão as metodologias e processos aos quais continuaremos a prestar atenção especial.     Conheça as outras 2 razões analisadas pelo arquiteto Ignacio Rincón em seu artigo original.