Actualidad / Eventos

Barcelona se torna o epicentro internacional da inovação em arquitetura com a realização do ZIGURAT Summit 2025

Categorias

A terceira edição do ZIGURAT Summit, o congresso internacional presencial da ZIGURAT, reuniu mais de 150 arquitetos e engenheiros em Barcelona para debater a nova era da Inteligência Artificial (IA) na Arquitetura e na Construção. Realizado no âmbito da Student Week, o Summit teve como foco a aplicação da IA à arquitetura, à construção e à gestão urbana, com uma abordagem eminentemente prática e estratégica.

O evento, sediado no Valkiria Hub Space, em Poblenou (Barcelona), foi dividido em dois blocos. O primeiro, em espanhol, começou com a palestra Além do hype: Desafios técnicos e humanos da IA no BIM, ministrada por Fernando Iglesias, Head de Inovação da Kronos e Diretor do Máster en IA para Arquitectura y Construcción, que explicou — com base em dados — as razões por trás do atual boom da IA. “Estamos em um momento de convergência absoluta, no qual tecnologias altamente desenvolvidas, como robótica avançada, computação em nuvem, big data e armazenamento, se encontram”, afirmou.

Iglesias pediu ao setor que avance em direção à verdadeira interoperabilidade entre sistemas e ferramentas. Destacou ainda a necessidade de preparar as equipes para mudar a forma de pensar, projetar e colaborar. “A liderança técnica deve vir acompanhada de liderança ética: é preciso capacitar profissionais para tomar decisões responsáveis com base em dados”, acrescentou.

Em seguida, Carles Farré, cofundador da AECOTECH, apresentou Agentes de IA no canteiro: Seus novos aliados digitais, mostrando como a inteligência artificial pode automatizar a supervisão de obras por meio de drones, scanners e gêmeos digitais ativos.

Segundo Farré, “a IA não vai tirar o seu emprego, mas uma pessoa com IA vai”. Ele revisou como o setor AECO já passou por uma primeira onda de digitalização com ferramentas como BIM, sistemas em nuvem e ERP, que melhoraram a produtividade. Agora, disse ele, “estamos à beira de uma nova etapa, em que agentes de IA serão capazes de entender processos, tomar decisões e nos apoiar na gestão de obras e projetos”.

Farré destacou que os dados são a chave para essa mudança. “Estamos caminhando para ambientes multiagentes, nos quais sistemas inteligentes facilitarão a comunicação entre dados, empresas, obras e equipes”, explicou. Isso permitirá resolver problemas em tempo real e otimizar fluxos de trabalho de forma conectada e eficiente. Nesse novo cenário, a função do profissional não desaparece, mas se transforma. “Precisamos de perfis versáteis, integradores e capazes de trabalhar lado a lado com a IA”, concluiu.

A última sessão do bloco em espanhol foi conduzida por José Javier Laborda, Consultor Sênior de BIM na Ingecid, com a palestra Empoderando o especialista: Quando o design encontra a automação. Laborda apresentou um caso real de transformação digital aplicada a um projeto de engenharia costeira em Santander. O desafio consistia em modificar a topografia de uma praia usando a metodologia BIM, introduzindo esse novo fluxo de trabalho em uma empresa com profundo conhecimento técnico, mas sem experiência prévia em modelagem digital. 

Graças a uma solução flexível, escalável e adaptada ao ritmo de adoção tecnológica da equipe, os processos foram reduzidos de semanas para apenas minutos. “Desde o primeiro mês, já havia iterações e decisões sendo tomadas com critério”, disse Laborda, compartilhando números como até 98% de economia de tempo em modelagem, 80 iterações automáticas por semana e 87% menos erros humanos decorrentes de plantas mal vinculadas.

Lilian Ho, Vicki Reynolds e Chris Dymond

O segundo bloco, apresentado em inglês, contou com três palestras principais. Lilian Ho, Diretora do Master's in Artificial Intelligence for Architecture & Construction, apresentou Transformação Digital por meio da IA. Ela explicou as diferenças entre IA e sistemas autônomos, destacando que, enquanto a IA aprende e pode automatizar tarefas, os sistemas autônomos tomam decisões e agem sem intervenção humana. 

Enfatizou a importância de combinar ambos para melhorar a segurança, a eficiência e a gestão das obras. “Integrar IA e sistemas autônomos permite monitorar projetos 24 horas por dia, otimizar recursos e tomar decisões em tempo real baseadas em dados”, afirmou. Ho destacou que essa tecnologia não substitui os trabalhadores, mas transforma seus papéis, exigindo profissionais capacitados para utilizar essas ferramentas em todas as fases do ciclo construtivo. 

Ela concluiu ressaltando a contribuição dessas tecnologias para a sustentabilidade, a redução de desperdícios e os benefícios tangíveis para o setor.

Vicki Reynolds, Diretora Técnica da One Creative Environments, embaixadora da Women in BIM e Diretora do Master’s in Global BIM Management, abordou o tema BIM e o Impacto do Lean. Reynolds enfatizou o papel central do BIM como base estrutural para toda inovação digital no setor AECO. “A inteligência artificial, os ativos inteligentes, os gêmeos digitais e a automação só podem se desenvolver sobre uma camada sólida de dados — e isso começa com o BIM”, disse. 

Destacou que um bom modelo de informação não apenas organiza e valida dados, mas também permite interoperabilidade, escalabilidade e decisões automatizadas confiáveis. “Sem uma gestão adequada da informação, corre-se o risco de criar automações ineficazes ou análises falhas que comprometem a eficiência do projeto”, alertou. 

Reynolds ilustrou sua exposição com um caso prático em que a IA foi utilizada para converter plantas em modelos 3D, integrando sensores IoT e dados em tempo real. “Todo projeto inovador deve começar definindo os requisitos de informação desde o início. Caso contrário, qualquer tentativa de escalar ou integrar novas tecnologias será cara e ineficiente”, concluiu.

Por fim, Chris Dymond, fundador da Unfolding e Diretor do Master's in Global Smart City Management, apresentou IA e Gêmeos Digitais: Avanços para AECO e Cidades Inteligentes. Ele explicou que, enquanto edifícios inteligentes são fundamentais, cidades inteligentes exigem uma visão mais ampla e conectada. Dymond ressaltou a importância de padrões abertos e interoperabilidade para integrar tecnologias de forma flexível, afirmando que “as tecnologias para edifícios inteligentes estão evoluindo continuamente, com novas aplicações e formas de uso dos dados surgindo constantemente”. 

Para Dymond, o sucesso de uma cidade inteligente é medido por como ela melhora a vida das pessoas, a sustentabilidade e a resiliência, e não apenas por dados técnicos. “Se há uma área em que acredito que devemos aplicar a IA na interface entre cidades inteligentes e edifícios inteligentes, é no uso de ferramentas de IA com o padrão SRI para entender quão inteligente é nossa cidade com base na inteligência de cada edifício”, afirmou.

O dia também contou com duas mesas-redondas, seguidas de intensos debates entre os palestrantes e o público. A primeira contou com Vivian Sirito, Coordenadora BIM da GCA Architects; Carlos Rothmann, Coordenador de IA/BIM na Mesura; Gerald M. Guzmán, Designer BIM na DNA Barcelona Architects; e Marc Vergé, Responsável por Projetos de IA no ITEC. A segunda reuniu Vicki Reynolds, Lilian Ho e Chris Dymond, com moderação de Bruno Mota, Associate Director na Assystem e Diretor do Master Internacional em Gestão de Projetos na Construção.

SUMMIT 2025 e Student Week

O ZIGURAT Summit foi realizado no âmbito da Student Week, uma semana de atividades para alumni da ZIGURAT, com o objetivo de fortalecer conexões, fomentar aprendizado, inovação e colaboração entre profissionais do setor AECO.

Ao longo de quatro dias, os participantes desfrutaram de uma programação intensa, combinando formação avançada, visitas a projetos inovadores e atividades de networking. Entre os destaques, um workshop de criação de startups no qual os participantes trabalharam em equipes para desenvolver propostas empreendedoras. Os projetos vencedores receberam um diploma e mentoria personalizada no Barcelona Contech Hub, um espaço de apoio a iniciativas disruptivas no setor da construção tecnológica.

A programação incluiu ainda sessões de speed networking, palestras e um tour arquitetônico por Barcelona, guiado por profissionais que participaram da transformação urbanística da cidade.