Blog / BIM & Construction Management

IFC e Interoperabilidade BIM

Se você, assim como a maioria das pessoas, entrou no mundo do BIM através do Revit (Autodesk), pode ter pensado que todo o fluxo do projeto e ciclo de vida da sua construção ocorrem apenas dentro desse software ou ambiente Autodesk. Ou pior ainda, pode ter ouvido dizer que "fazer BIM" significa ter um modelo 3D no Revit (BIM é Revit?). Quando você realmente compreende o que é o Building Information Modeling, percebe que existem inúmeros fluxos diferentes, com diferentes softwares, e que cada projetista tem suas preferências. Um aspecto fundamental do BIM, a interoperabilidade, é testado quando vários projetistas trabalham com arquivos de diferentes extensões e precisam trocar informações de forma ágil e precisa. Mas e se o Revit não ler arquivos .pnl, ou o Archicad não ler arquivos .prj, ou ainda o Solibri não lidar bem com arquivos .nwd? Para resolver esse tipo de problema, a transferência de informações (geométricas e não geométricas) é feita através de uma extensão comum chamada IFC (Industry Foundation Classes).

 

O que é o IFC?

O IFC é uma peça fundamental para a prática do Open BIM, desenvolvido pela buildingSMART. Ele permite que a compatibilização de fluxos seja o foco, em vez da compatibilização de dados. Isso significa que o fluxo funciona independentemente dos softwares ou fabricantes escolhidos por cada projetista. A buildingSMART possui uma lista das aplicações Industry Foundation Classes certificadas, onde os usuários podem verificar se os softwares utilizados em seus projetos suportam o fluxo Open BIM e se o fluxo em si é compatível com esse processo. O IFC é uma especificação de estrutura de dados, o BCF é uma especificação para comunicação de projeto, ambas são abertas e neutras mas com diferentes objetivos.
 

História do IFC

O Industry Foundation Classes foi lançado em 1996 com a versão IFC 1.0, com o objetivo de fornecer um modelo neutro para a indústria AEC. Ao longo dos anos, foram lançadas atualizações, como o IFC 1.5, IFC 1.5.1 e IFC 2.0. Em outubro de 2000, foi publicada a versão mais antiga ainda em uso, a IFC 2x, focada em aumentar a estabilidade da plataforma e das informações. Desde então, várias versões foram lançadas, expandindo as capacidades e compatibilidades da extensão. A versão mais difundida é a IFC 2x3, lançada em 2007, que trouxe melhorias de desempenho e qualidade, além de correções de bugs das versões anteriores. O IFC 4.0, lançado em 2013, introduziu novas formas de documentação, suporte para novas plataformas de construção, estruturas e serviços. A versão mais recente do IFC 4.0 é o Addendum 2, lançado em julho de 2016, que trouxe melhorias e correções. A versão 4.3, de 2022 traz um aumento do domínio para elementos de infraestrutura, e embora não tenha uma ISO, já está em uso em diferentes softwares. Já o IFC 5.0, ainda em fases iniciais de desenvolvimento, promete trazer benefícios para a área de infraestrutura, como alinhamentos, rodovias, túneis, pontes e ferrovias, além de oferecer maior flexibilidade e capacidade nas parametrizações dos modelos de todas as disciplinas.

Usos do IFC

Apesar da ideia de que os IFC são a compatibilização de projetos e o planejamento das fases de execução da obra, o IFC atende a todas as fases , desde o design até a gestão de ativos.  Muitos projetistas utilizam o IFC quando trabalham com diferentes softwares, como arquitetos que usam soluções como AECOsim ou Archicad, e engenheiros que usam o Revit ou DDS-Cad. Durante as fases de compatibilização e verificação de normas, softwares como Solibri, Navisworks e Navigator desempenham um papel fundamental ao fazerem uso do IFC. Embora esses softwares possuem suas extensões nativas, eles oferecem a opção e flexibilidade de trabalhar com o fluxo de um projeto. O IFC permite uma excelente compatibilização geométrica em um ambiente comum e a exportação para análises em outros softwares, porém, a exportação das informações presentes nos modelos nem sempre é perfeita.

 

Dificuldades de usar o IFC

Exportar um arquivo IFC de um software de modelagem, como o Revit, e importá-lo em outro software, como o Archicad, pode resultar em perda de informações do modelo. É recomendável ter muito cuidado ao realizar essas operações para evitar perdas de dados no processo. As perdas de informações nos fluxos de trabalho CAD parecem ressurgir ao lidar com o formato IFC, o que dificulta sua popularização. A baixa qualidade dos arquivos no formato IFC, produtos da exportação de vários softwares , não está ligada à alguma limitação do formato, mas a falta de capacidade dos tradutores proprietários em fazer uma exportação com qualidade. O formato atende completamente a todos os usos a que se propõem, os softwares proprietários é que não aproveitam bem a especificação. Portanto, é importante realizar testes para garantir que o formato IFC possa ser utilizado em cada caso específico.

 

Alternativas para o IFC

Para contornar essas dificuldades, algumas empresas desenvolvem plugins ou softwares que traduzem os arquivos de um ambiente para outro, mesmo que sejam concorrentes. Por exemplo, a TQS, um software de engenharia estrutural, possui um plugin incorporado que permite a conversão direta entre seu programa e softwares como Tekla e Revit, com suas próprias extensões, como TQR/RQT no caso do Revit. Outras empresas, como a Bentley, também oferecem plugins para softwares da Autodesk, possibilitando a troca de informações rápida e precisa, conforme exigido pelo setor AECO, para o qual o IFC nem sempre atende completamente. Para outros usos, o IFC continua sendo uma excelente opção para compatibilização e integração entre profissionais, destacando a importância de um BIM Manager para garantir os melhores fluxos de trabalho para cada projeto.
 


"Embora existam alternativas que permitam a comunicação de dados entre diferentes softwares proprietários, isso não pode ser considerado interoperabilidade. A interoperabilidade precisa atender a alguns requisitos como dados abertos, governança dos dados, sustentabilidade das informações." Carlos Dias.

 

 

E você? Já trabalhou com o IFC? Consegue trabalhar com um bom fluxo de interoperabilidade em Open BIM ou prefere as opções nativas?

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Autor

BIM Experts

Alualização do conteúdo: Carlos Dias