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Mapa de danos de edificações históricas utilizando a metodología BIM

O Projeto de Intervenção do Patrimônio Histórico demanda um estudo detalhado e criterioso sobre o monumento a ser restaurado, uma vez que este é um momento de resgate da história e da sociedade que o construiu. Envolve uma série de etapas com o propósito de prolongar o tempo útil da edificação, integrando conceitos de restauração, manutenção e reabilitação. O desenvolvimento de um projeto de intervenção no Patrimônio edificado compreende as fases de identificação e conhecimento do bem, diagnostico, cujo mapa de danos é o objeto de estudo deste artigo, e a proposta de intervenção.

A fase de diagnóstico é a etapa de consolidação dos estudos e pesquisas anteriormente realizados, na medida em que complementa o conhecimento do objeto, analisando de forma pormenorizada determinados problemas ou interesses específicos de utilização do bem". (GOMIDE; SILVA; BRAGA, 2005, p. 25). Dessa forma, o mapeamento de danos é uma das atividades da fase de Diagnóstico, da qual gera-se o mapa de danos, que se constitui de "um documento gráfico-fotográfico que sintetiza o resultado das investigações sobre alterações estruturais e funcionais nos materiais, nas técnicas, nos sistemas e nos componentes construtivos. (TINOCO, 2009, p.4). Além de gerar essas informações gráficas, o mapa de danos também indica o quadro evolutivo do estado de conservação do mesmo, apontando níveis quantitativos, qualitativos e de intensidade da degradação atual do imóvel. Sendo assim, a busca pela padronização na alimentação da informação contida no mapa de danos objetiva a eficiência na documentação técnica e não apenas em uma representação gráfica, na qual a extração de informações referentes a quantidade, qualidade e intensidade das patologias dos materiais e estruturas da edificação histórica se dá de forma manual, deixando assim espaço para equívocos. Precisa sim, ser integrada a todas as fases de projeto, orçamento, planejamento e obra, através de um modelo paramétrico da edificação. Dessa forma, a metodologia BIM abordada nessa pesquisa e definida pelo o American Institute of Architects – AIA como sendo “uma tecnologia baseada em um modelo que está associado a um banco de dados de informações sobre um projeto”, fora utilizada para alcançar tal finalidade. Portanto, o objetivo geral deste trabalho é propor um método de produção de mapa de danos baseados na metodologia BIM, a partir de informações já levantadas in loco da fachada de uma casa térrea ¾ (três quartos) de morada pertencente ao estilo Colonial, do século XVIII/XIX, através do registro de informações acerca das patologias e seus agentes, os quais contribuirão para a extração de relatórios necessários para as fases posteriores. Para o desenvolvimento deste, optou-se por experimentar a elaboração do mapa de danos em um modelo BIM de um edifício histórico situado na Rua dos Afogados, nº 318, quadra 79, do Centro Histórico de São Luís no Maranhão. O referido imóvel está dentro do limite de Proteção Federal e de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. A casa em estudo encontra-se totalmente deteriorada e mutilada, apresentando diversas patologias na sua fachada tais como, vegetação e microrganismo, corrosão por oxidação, sujidade, eflorescência na argamassa e reboco, descolamento da pintura, argamassa e reboco, manchas de umidade, inserção de elemento metálico e descaracterizante, além de fissuras e presença de madeira carcomida e apodrecida. Após a coleta das informações sobre as patologias buscou-se organizá-las conforme suas incidências e causas, no intuito de definir como a informação poderia ser inserida nos softwares escolhidos. Uma primeira hipótese de inserção da informação foi a criação de parâmetros atribuídos a instância. O intuito era que, uma vez que a informação fosse inserida ao objeto, a edição deste no modelo pudesse afetar diretamente a informação ali contida e assim estaria garantida a consistência do dado. Entretanto percebeu-se que, em muitos casos, em um mesmo objeto encontravam-se diversas patologias, o que dificultaria a alimentação da informação, uma vez que o mesmo parâmetro deveria ser alimentado por diversos valores. Uma outra limitação desta abordagem seria a incapacidade de delimitar a área do dano e assim obter medidas para quantitativos. Observou-se também que patologias distintas possuíam áreas de sobreposição em um mesmo objeto, além de possuírem formas muito diversas. Tal característica afastou a possibilidade de inserção do dado a partir da edição do objeto em sua raiz, isto é, na edição da Família, no caso do software REVIT e, no caso do ArchiCAD, na criação de um objeto via GDL. Assim optou-se por inserir as informações dos danos em parâmetros atribuídos aos materiais que, por sua vez, seriam aplicados aos modelos. Esta estratégia garantiria a extração de quantidades além da possibilidade de distribuir para diferentes objetos patologias iguais. Por outro lado, para resolver a questão da coincidência de áreas e das existência de diversas formas geométricas das patologias, a solução escolhida foi a adoção de modelos genéricos, chamados de Massas no REVIT e de Morph no ArchiCAD. Esta abordagem garantiu a delimitação precisa do dano no modelo, inclusive em casos de sobreposição, garantindo uma extração de quantitativos precisa. Ao mesmo tempo, proporcionou uma liberdade na criação da forma em que o dano se apresenta no objeto.

Figura 3 – Tela do ARCHICAD com a fachada e os danos modelados

Fonte: Autor, 2017. As dificuldades levantadas apontam para algumas deficiências existentes nos softwares escolhidos, no que tange ao tratamento de informações de edificações existentes e a necessidade de edição mais livre dos objetos construtivos para atribuição de parâmetros. Uma vez que, a preservação do nosso patrimônio edificado passa por bons projetos de intervenção e a eficiência na indústria da construção civil está cada vez mais ligada a metodologia BIM, faz-se necessário que existam recursos mais voltados a esta realidade. O presente post é um trecho de um artigo publicado no 1º Simpósio Brasileiro de Tecnologia e Comunicação da Construção (SBTIC 2017) e fora realizado por Rogério Lima, Gracy Paz, Isi Oliveira e Bruno Gonçalves. Foto: BIMnD España REFERÊNCIAS BARTHEL, C.; LINS, M.; PESTANA, F. O papel do mapa de danos na conservação do patrimônio arquitetônico, Recife: FUNDARPE, 2013. GOMIDE, José Hailon; SILVA, Patricia Reis da; BRAGA, Sylvia Maria Nelo. Manual de elaboração de projetos de preservação do patrimônio cultural. Brasília: Ministério da Cultura, Instituto do Programa Monumenta, 2005. ROMCY, N. M. S.; TINOCO, M. B. M.; CARDOSO, D. R. A introdução do BIM em cursos de arquitetura e urbanismo: relato comparativo de duas experiências. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO, 7., 2015, Recife. Anais... Porto Alegre: ANTAC, 2015. Dispinível em: >http://pdf.blucher.com.br.s3.amazonaws.com/engineeringproceedings/tic2015/047.pdf> Acesso em: 6 maio 2017. TAVARES, M.F. Metodologia de diagnóstico para restauração de edifícios dos séculos XVIII e XIX nas primeias zonas de migração em Minas Gerais. 2011. 94f. Dissertação ( Mestrado em Ambiente Construído) - Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora. Disponível em: <http://www.ufjf.br/ambienteconstruido/files/2012/03/disserta%C3%A7%C3%A3o-fabiana-tavares1.pdf> Acesso em: 29 jun 2017.  

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Autor

Zigurat Global Institute of Technology